A arte, as crianças e a presença
As crianças nos obrigam a fazer pausas. Para além das pausas que a mãe se obriga a fazer na vida (na rotina, na carreira, nos planos), estar com uma criança pequena faz com que observemos o mundo com outros olhos. Elas nos obrigam a prestar atenção em detalhes que já moram no nosso automático, coisas que não nos prendem mais. Esta semana, “apresentei” à minha filha as abelhas. Quando foi a última vez que você parou para observar o movimento desses pequenos seres? Pois é, eu também não fazia isso há muitos anos. Nós sabemos, minimamente, o que são e o que fazem, mas aqueles olhinhos curiosos recém estreados nesta vida não – e ela se encantou, criou até musiquinha, perguntou pelas abelhas muitos dias depois. Veja bem, eu parei para contemplar flores de manjericão e abelhas, quanta beleza e riqueza há nisso!
O tempo para e ali aparece algo que, muitas vezes, não nos permitimos exercitar: a PRESENÇA. É ela que faz o tempo se prolongar e nossa vida ter mais valor. O estado de presença que os ocidentais tanto sofrem para tentar cultivar.
Pensando nisso, então, refleti como a arte tem esse papel tão fundamental na nossa rotina: se deseja observar, compreender e contemplar uma obra de arte, você precisa – necessariamente – estar presente. Só a presença permite que você usufrua daquele momento com valor. Da mesma forma, se você se propõe a criar algo, não há outra forma de fazer que não seja na presença. Qualquer outra forma que te roube a atenção estará abreviando – ou impossibilitando – a experiência, a fruição e o aprendizado.
Eu afirmo, com toda segurança, que a arte pode não ser considerada vital, como manter boa alimentação diariamente. Porém, sem ela, nossa existência passa mais depressa, sem cor e sem significado. Duvida de mim? Experimente ficar dias sem ouvir música, ler um livro ou assistir sua série preferida. Ainda, tente imaginar livros e embalagens de produtos sem ilustração ou fotografia. Veja sua casa sem quadros, objetos que você trouxe de uma viagem, decoração de valor. A vida continua existindo, porém, a experiência não tem a mesma beleza e riqueza.
DICA DE LIVRO (o do momento): “WABI SABI”, de Beth Kempton.
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